A ideia de colonizar Marte não parece mais um enredo de ficção. Passos largos têm sido dados em direção a essa conquista, graças aos estudos da Astrobiologia e à mente exploradora do ser humano, aliada à ciência e tecnologia. O professor César Amaral, especialista em Astrobiologia do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag) da Uerj, conversou sobre o tema no último episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.

Com formação multidisciplinar em Biociências e Geociências, mestre em Análise de Bacias e doutor em Biologia Molecular, Amaral lidera o NGA (Núcleo de Genética Molecular e Astrobiologia da Uerj), é pesquisador do Programa Antártico Brasileiro e membro do projeto Criosfera 1.

Astrobiologia, como explicado pelo professor, não é um termo novo, existindo no Brasil desde a década de 1950. Inicialmente chamada de Exobiologia, a área se concentra na busca por vida além do nosso planeta. A Astrobiologia é uma ciência multidisciplinar que abrange conhecimentos em Astrofísica, Astroquímica, Planetologia, Geologia planetária, Geofísica e Biologia. Seu principal objetivo é compreender não apenas a vida na Terra, mas também a vida em um contexto cósmico mais amplo, dentro do nosso sistema solar e em outros corpos celestes.

A busca por vida extraterrestre é uma jornada antiga, presente em mitos de civilizações ao longo da história. No entanto, com os avanços científicos, há mais evidências de que as condições para a existência de vida podem existir em lugares do universo além da Terra. Embora ainda não tenhamos encontrado evidências diretas de vida extraterrestre, a série de missões espaciais que visam a colonização de planetas e corpos celestes demonstra que os humanos estão se preparando para a exploração espacial, independentemente de encontrarem vida ou não.

Um projeto de destaque apresentado por Cesar Amaral é o estudo do solo de Marte. Desenvolvido no Departamento de Biofísica e Biometria do Ibrag/Uerj, esse projeto busca estabelecer meios de cultura e testar a viabilidade de cultivo de espécies vegetais em simuladores de solo marciano. Para replicar as suas condições, os pesquisadores usam dados coletados por sondas e robôs que exploram o planeta vermelho. Isso é fundamental para entender como a agricultura poderá ser viável, garantindo a disponibilidade de alimentos para futuros colonizadores.

Marte, embora menor e mais distante do Sol do que a Terra, compartilha uma história evolutiva semelhante. Todavia, devido à perda de seu campo magnético e atividade vulcânica, o planeta experimentou mudanças significativas em sua atmosfera e clima, tornando-se um deserto frio e seco, com temperaturas médias superficiais em cerca de -50 graus Celsius.

A importância da Agência Espacial Brasileira (AEB) também foi destacada pelo professor. Nos últimos anos, o Brasil tem demonstrado um crescente engajamento na exploração espacial por meio de grupos de desenvolvimento e pesquisa. A revitalização da AEB tem sido fundamental para a participação do Brasil em programas espaciais internacionais, como o programa Artemis da NASA, que visa levar o homem de volta à Lua e é visto como um passo essencial na jornada de colonização de regiões mais distantes no espaço.

A busca por vida em Marte e a expansão das atividades espaciais brasileiras representam avanços significativos na exploração do cosmos. À medida que a ciência e a tecnologia continuam a progredir, o ser humano fica cada vez mais próximo de realizar o sonho de alcançar outros mundos e descobrir mais sobre o universo.

Ouça, na íntegra, a participação de Cesar Amaral no último episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.