A Universidade do Estado do Rio de Janeiro está envolvida na elaboração do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, que é um conjunto de mecanismos para a gestão de riscos de desastres no Brasil. O coordenador da equipe que representa a Uerj, Francisco Dourado, fala sobre a criação do projeto, suas propostas e a participação da Universidade no quarto episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.

Francisco Dourado é geólogo pela Uerj, onde também fez mestrado e doutorado. É professor do Departamento de Geologia Aplicada da Uerj e coordenador do Grupo de Pesquisa e Estudos de Desastres, o Cepedes.

O objetivo do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil é entender como são os cenários de desastres no Brasil e a partir daí criar políticas públicas para minimizar os impactos. Outro papel do projeto é fortalecer o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), criando estratégias de atuação da Defesa Civil em cinco frentes: prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação.

De acordo com o boletim da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), publicado em agosto de 2023, 93% dos municípios brasileiros foram atingidos por algum desastre natural, como tempestades, enxurradas, inundações ou alagamentos, nos últimos 10 anos. Mais de 2 milhões de moradias foram danificadas de 2013 a 2022, sendo a região Sul a mais afetada com danos em habitações. Os dados apontados pela CNM são recolhidos a partir dos registros enviados pelos municípios por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID).

O Plano Nacional conta com a participação de cinco instituições de ensino e pesquisa: Uerj, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que é a condutora da proposta. Cada uma é responsável por elaborar uma parte do plano que é amparado por 11 produtos. Segundo o professor Francisco Dourado, é muito interessante trabalhar com outras organizações, principalmente as que não estão diretamente ligadas às universidades, como a Fiocruz. “A gente vê uma outra perspectiva de ciência”, declara.

A Uerj está encarregada pelo produto 2, que é a elaboração de um documento técnico apresentando a identificação dos riscos de desastres – cenários de curto, médio e longo prazo. A equipe coordenada pelo professor está trabalhando com ameaças iniciadas por questões meteorológicas e climatológicas, como o aumento de chuvas e eventos com temperaturas muito baixas ou muito altas. O produto 11, o último, terá um relatório técnico apresentando as propostas para a difusão do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil junto ao Sinpdec e à sociedade.

Sobre o aumento dos desastres naturais no Estado do Rio de Janeiro, o geólogo afirma que no curto prazo é possível perceber um crescimento, mas questiona se o que está avançando são os números de lugares ocupados de forma irregular. “Será que, na verdade, o que está aumentando não são as consequências ao invés do número de eventos?”. O professor aponta que acontece a mesma quantidade de eventos, porém mais pessoas estão vivendo em ambientes inapropriados, elevando os efeitos negativos.

O professor Francisco Dourado estará no Uerj com RJ 2023, na mesa Economia, Sustentabilidade e Inovação, no dia 18 de outubro, às 14h.

Ouça, na íntegra, sua participação no quarto episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.