Com o desenvolvimento da tecnologia, a inteligência artificial tem feito parte de diversas áreas da sociedade, por exemplo com o Chat GPT e na criação de imagens. Na saúde, o instrumento tecnológico também está presente nos cuidados das pessoas. A professora Karla Figueiredo explica como a IA pode ser utilizada para o bem-estar humano no quinto episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.

Karla Figueiredo é professora dos programas de Pós-Graduação de Ciências Computacionais e de Telemedicina e Telessaúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e atua há quase 30 anos na área de machine learning e inteligência artificial. Além disso, é doutora em Sistemas de Computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), coordenadora do Laboratório de Avaliação, Tecnologia Social e Inovação (Latesi) e vice-coordenadora do Centro de IA do Estado do Rio de Janeiro (CIA-Rio).

Segundo a docente, a tecnologia de inteligência artificial é um campo da computação que busca criar sistemas que são capazes de atuar no mundo real como se fossem humanos. Ela ainda destaca que o termo mais correto a ser usado é machine learning, pois IA é uma expressão abrangente. O site do Google Cloud classifica o machine learning como “um subconjunto da inteligência artificial que permite automaticamente que uma máquina ou um sistema aprenda e melhore com base na experiência” e que usa o algoritmo para analisar os dados.

Durante a pandemia de Covid-19, IAs foram utilizadas para identificar os casos subnotificados e o machine learning ajudou na avaliação das consequências do isolamento. A professora Karla também é coordenadora de um projeto do Sistema Único de Saúde (SUS) com a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que usa a IA na otimização das filas dos hospitais, levando em consideração todas as características dos pacientes (idade, comorbidades, doença) e o tempo de espera, e em contrapartida todos os recursos disponíveis para a população. O objetivo do estudo é conciliar a demanda com a oferta dos recursos humanos e materiais, definindo ou construindo uma fila que seria mais rápida do que a cronológica.

Em junho de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS), publicou o relatório Ethics and Governance of Artificial Intelligence for Health (Ética e Governança da Inteligência Artificial para a Saúde, em português) que traz seis princípios: proteger a autonomia humana, proteger o bem-estar e a segurança humana e o interesse público, garantir transparência, explicabilidade e inteligibilidade, promover responsabilidade e prestação de contas, garantir inclusão e equidade, e promover uma inteligência artificial que seja responsiva e sustentável. Essas especificações servem para garantir que a ferramenta tecnológica funcione e seja de interesse público em todo o mundo.

No Brasil, está em tramitação no Senado um projeto de lei para a regulamentação da inteligência artificial. O PL 2338/2023, apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estabelece normas para o desenvolvimento, implementação e o uso responsável da tecnologia no país. O texto cria regras e aponta possíveis punições em caso de violação dos direitos fundamentais.

A coordenadora do CIA-Rio reforça que uma das maiores preocupações do uso das novas tecnologias é a utilização dos dados das pessoas, pois é uma questão de ética. “Uso com inteligência da inteligência artificial,” afirma.

A professora Karla Figueiredo estará no Uerj com RJ 2023, na mesa Saúde, no dia 20 de outubro, às 14h.

Ouça, na íntegra, sua participação no quinto episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.