O Ecomuseu Ilha Grande, situado na paradisíaca Ilha Grande, no Estado do Rio de Janeiro, desempenha um papel crucial na promoção da comunicação da ciência e na construção do saber compartilhado entre a academia e a sociedade. Para entender melhor o funcionamento e os objetivos desta instituição, o diretor do museu, Gelsom Rozentino (foto), que é também professor da Uerj e historiador, foi convidado para trazer mais detalhes no sexto episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.

O Ecomuseu Ilha Grande é mais do que um museu convencional; é um instrumento de transformação e desenvolvimento local. Sua missão principal é incorporar a comunidade como protagonista no processo de conservação e desenvolvimento sustentável da Ilha por meio da preservação, pesquisa, valorização e difusão da história, memória, cultura e identidades locais, bem como do patrimônio natural, material e imaterial. O museu é, portanto, um agente ativo na promoção da conscientização e da ação coletiva em prol do ambiente e da cultura da região.

Ele é dividido em quatro núcleos distintos:

Museu do Cárcere: localizado nos antigos prédios da padaria e da guarda da antiga Colônia Agrícola do Distrito Federal, este núcleo reflete sobre as políticas carcerárias e seus impactos na sociedade brasileira, explorando temas como direitos humanos, liberdade e cidadania.

Museu do Meio Ambiente: este núcleo busca divulgar pesquisas sobre biodiversidade e o uso sustentável do meio ambiente, além de abordar aspectos da cultura caiçara. O museu está instalado em prédios históricos da Ilha Grande, enriquecendo ainda mais a experiência dos visitantes.

Centro Multimídia: com o objetivo de digitalizar a memória da região, este núcleo utiliza tecnologias como realidade aumentada e virtual para tornar o acervo acessível a um público amplo, inclusive àqueles que não podem visitar fisicamente o museu.

Parque Botânico: localizado no pátio do antigo Instituto Cândido Mendes, este núcleo possui uma coleção de plantas vivas relacionadas à história da Mata Atlântica Insular. É referência internacional em pesquisa sobre a Mata Atlântica, contribuindo para a preservação desse ecossistema.

A Ilha Grande possui uma história complexa, marcada por instituições carcerárias, o que moldou a dinâmica da comunidade ao longo de décadas. Com a desativação do presídio, a população local perdeu uma referência importante em termos culturais e econômicos. Além disso, a região é agora uma área de preservação ambiental, o que restringe certas atividades tradicionais da comunidade caiçara.

O professor Gelsom Rozentino enfatiza que a Uerj desempenhou um papel fundamental na preservação desse ambiente e na promoção da Ilha como Patrimônio Mundial da Humanidade. A atuação do CEAD (Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável da Ilha Grande) e do Ecomuseu foi decisiva nesse processo.

A presença do museu também afeta positivamente o turismo. Enquanto a Ilha é conhecida por sua questão náutica e praias paradisíacas, o Ecomuseu agrega um componente cultural e histórico à experiência dos viajantes. Além disso, gera empregos e renda para a população local, promovendo o turismo de base comunitária.

A comunicação da ciência desempenha um papel crucial no Ecomuseu Ilha Grande. A instituição atua como um espaço de encontro entre diferentes campos de conhecimento e saberes, promovendo a interação entre grupos de pesquisa da Universidade e a comunidade. Isso se traduz em projetos educacionais, pesquisas e eventos que conectam o conhecimento científico com a prática, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da Ilha Grande.

Quanto às redes sociais, o museu utiliza diversas plataformas, como YouTube, Facebook e Instagram, para compartilhar seu conteúdo e interagir com o público. Essas redes desempenham, por sua vez, um papel importante na divulgação das atividades e na promoção do diálogo entre a academia e a população.

Para aqueles que desejam conhecer o Ecomuseu Ilha Grande pessoalmente, ele está aberto de terça a domingo, das 10h às 16h, com entrada gratuita. Os visitantes podem optar por acessar o museu por terra, com uma caminhada de aproximadamente 9 km, ou por mar, dependendo das condições. A visita não apenas enriquece o conhecimento sobre a Ilha, mas também contribui para a preservação desse belo e histórico lugar.

O Ecomuseu é um exemplo inspirador de como a comunicação da ciência pode ser integrada à vida cotidiana das comunidades, promovendo a conscientização ambiental, o desenvolvimento sustentável e a valorização da cultura local. É uma ponte entre a academia e a sociedade, mostrando que o conhecimento pode ser uma ferramenta poderosa para transformar realidades.

Gelsom Rozentino estará presente no Uerj com RJ 2023, no dia 19 de outubro, na mesa Comunicação da Ciência, às 14h.

Ouça, na íntegra, sua participação no sexto episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.