Com uma extensão de aproximadamente 305 km² de área, a baía de Sepetiba atende cerca de 2,8 milhões de pessoas entre os municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba. E é nessa região estratégica de desenvolvimento que a Uerj vem atuando, em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica Médio Paraíba do Sul (CBH-MPS), em busca de soluções para a melhoria das águas para os moradores locais.

O CBH-MPS é composto por representantes da sociedade civil, do poder público e dos usuários da água, com dez pessoas de cada setor. A professora Carin Mühlen, da Faculdade de Tecnologia da Uerj, reforça o papel da universidade em representar a sociedade civil. Esse processo ocorre de duas maneiras simultâneas: o Comitê se insere no meio universitário, integrando ações de disciplina, por exemplo, com o gerenciamento ambiental da universidade, possibilitando uma parceria; e, também, a universidade é inserida no Comitê por meio de projetos de extensão, como no caso do Projeto Águas, em que os alunos passaram a participar das suas plenárias.

“Dessa inserção nascem vários outros projetos de mestrado e doutorado em que os próprios alunos propõem soluções para os problemas da bacia de Sepetiba. Essa integração é muito rica porque você tem ensino, pesquisa e extensão trabalhando de forma integrada com ações que a sociedade necessita, que o meio ambiente local necessita, trazendo resultados efetivos para a gestão”, relata a professora.

Leandro Guedes, que é membro do CBH-MPS e atua junto à professora Carin na coordenação do grupo de monitoramento, relata a experiência de auxiliar nas análises dos padrões da água ao longo da bacia, não só na região do Paraíba do Sul, mas também na sua extensão, que envolve a baía de Sepetiba. Sendo possível, dessa maneira, entender como é realizada a entrega da água no destino final. A professora da Uerj reforça que o propósito das pesquisas não é somente estudar a região do Médio Paraíba do Sul, mas também compreender o curso final do Rio Paraíba.

“Cerca de 70% do Rio Paraíba vai para o Rio Guandu e desemboca na baía de Sepetiba. A ideia é estudar todo esse ecossistema unindo-se ao Observatório Socioambiental da Baía de Sepetiba, que já desenvolve um trabalho com os pescadores locais”, relata Carin.

A coordenadora do Observatório da Baía de Sepetiba, Catia Antonia, explica que esse trabalho é realizado há muitos anos junto às comunidades pesqueiras, o qual busca sempre integrar as pesquisas e os mapeamentos aos conhecimentos da pesca artesanal e da realidade geográfica. Sérgio Hiroshi, coordenador da Associação de Pescadores e Lavradores da Ilha da Madeira (APLIM), fala sobre a importância do trabalho integrado entre os pescadores locais e os pesquisadores:

“Um trabalho de pesquisa de campo, você vai fazer o quê? Uma vez por mês, uma vez a cada dois meses ou por semestre, porque não tem como sair diariamente. Já o pescador não, ele, pelo trabalho dele, sai diariamente. Nesses últimos anos, por exemplo, nós detectamos vários peixes que não estavam na época de ovulação e, mesmo assim, estavam ovulando. Não adianta só o pescador saber disso porque não é ele que vai mudar. Os trabalhos das universidades colocados no papel é o que vai comprovar o que está ocorrendo e o porquê. Será que foi o El Niño? A La Niña? A temperatura? O pescador quer que tenha a produção hoje, mas que no ano que vem tenha de novo, e a gente entende que sem o trabalho da pesquisa nada funciona”, explica o pescador.

A professora Carin aponta ainda a relevância do projeto na vida acadêmica e pessoal dos alunos, que encontram uma oportunidade de contribuir com a sociedade por meio de propostas de soluções para os problemas detectados ao longo da experiência proporcionada pelos projetos da universidade, dando origem a dissertações e teses com maior impacto social: “Eles fazem a análise da qualidade da água, apresentam esse resultado para a plenária e essa plenária toma decisões em relação a esses resultados, e eles percebem que aquilo que estão fazendo tem significado. Tem significado para a comunidade. Isso é muito importante”, finaliza a professora.

Confira,abaixo, a matéria completa produzida pela TV Uerj: