De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os resíduos orgânicos correspondem a 50% de todo resíduo sólido urbano gerado no Brasil. Pensando em um destino mais sustentável para o lixo produzido diariamente, pesquisadores da Uerj desenvolveram um projeto que utiliza ciência e tecnologia. O coordenador da pesquisa Anderson Namen, explica como inovação e inteligência artificial podem ajudar o meio ambiente, no segundo episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.

Anderson Namen é professor do Instituto Politécnico (IPRJ/Uerj), graduado em Engenharia da Computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mestre em Modelagem Computacional pela Uerj e doutor em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A ideia para o projeto surgiu a partir do grupo de trabalho de gestão de resíduos sólidos da cidade de Nova Friburgo, do qual o professor faz parte, e foi selecionado no edital Apoio a Redes Temáticas de Inteligência Artificial, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O objetivo é criar uma série de ferramentas por meio da inteligência artificial para melhorar a gestão dos resíduos orgânicos.

O lixo orgânico é composto, principalmente, por restos de alimentos descartados de atividades humanas. O grande volume de material produzido é colocado, muitas vezes, em locais inapropriados, como aterros sanitários, fazendo com que não seja reaproveitado. Em agosto de 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que prevê a redução na geração de resíduos e o incentivo para aumentar a reciclagem.

O trabalho coordenado pelo professor Anderson Namen busca ajudar empresas que fazem coleta dos resíduos orgânicos, em residências e estabelecimentos, e que possuem um espaço próprio para fazer compostagem, transformando um resíduo anteriormente sem valor nenhum em fertilizantes e adubos. “A gente transforma lixo em luxo”, afirma Namen.

O projeto calcula rotas para otimizar e definir qual é a ordem dos clientes de acordo com a localização deles e do espaço em que a empresa vai colocar os resíduos para compostagem. A ideia também é usar veículos não poluentes, como bicicletas e triciclos movidos à tração humana, e que tenham um menor custo. Outro ponto é a criação de um assistente virtual para auxiliar na educação ambiental das pessoas, ensinando sobre a separação correta do lixo orgânico.

Segundo o professor Namen, o apoio da Faperj é fundamental para a compra de equipamentos e despesas com bolsistas, por exemplo. A pesquisa também conta com diversos atores além da Uerj, como a Universidade Veiga de Almeida (UVA), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Embrapa e empresas privadas. A prefeitura de Nova Friburgo está apoiando, por meio da Secretaria de Educação, a conscientização e a educação ambiental dos alunos de três escolas da região.

O coordenador destaca que o papel da universidade é fundamental para que trabalhos como esse possam ser pensados e colocados em prática. “A universidade não produz conhecimento sozinha. Ela produz o conhecimento, mas ela traz o conhecimento das demandas da sociedade.”

A gestão correta de resíduos orgânicos traz benefícios para além da questão ambiental, mas também econômica e social, pois as empresas que realizam a coleta podem originar empregos e gerar lucros.

O professor Anderson Namen estará no Uerj com RJ 2023, na mesa Ciência e Tecnologia, no dia 17 de outubro, às 14h.

Ouça, na íntegra, sua participação no segundo episódio da décima primeira temporada do Uerj Entrevista.