Como não poderia deixar de ser, a Saúde foi o tema central do último encontro da série Uerj com RJ – Ciência, Tecnologia e Inovação: Propostas para o Rio de Janeiro pós-pandemia, realizado nesta terça-feira, 31 de maio, no Teatro Noel Rosa da Uerj e com transmissão pela TV Uerj.

O evento reuniu um time de peso, com os diretores de dois grandes hospitais universitários, os professores Ronaldo Damião (Hupe/Uerj) e Alberto Chebabo, (HUCFF/UFRJ); além da professora Alexandra Monteiro (FCM/Uerj) e do professor Eduardo Faerstein (IMS/Uerj). O debate contou com a mediação do professor Egberto Gaspar de Moura (Ceed/Uerj), que substituiu a jornalista Ana Lucia Azevedo, impossibilitada de participar por motivos de saúde (veja a mensagem enviada por ela no vídeo da cobertura completa).

O professor Ronaldo Damião iniciou a conversa, contando sobre sua experiência acadêmica e profissional ao longo dos anos na Uerj e, especialmente, no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Damião destacou a importância do empenho de toda a equipe do Hupe, principalmente no período mais agudo da pandemia. Para ele, o sentido de união de todos os profissionais foi essencial para que o hospital continuasse agindo em favor da população, entregando o atendimento preciso aos pacientes com Covid-19 e dando continuidade às cirurgias necessárias. Os inúmeros e profundos desafios enfrentados também foram citados pelo professor. Além disso, ressaltou o trabalho que vem sendo desenvolvido no Centro de Atendimento Multidisciplinar Pós-Covid, inaugurado há um ano, que, além do atendimento, constitui-se em polo de pesquisa básica e clínica sobre temas envolvendo o tratamento, prevenção e imunização ao coronavírus Sars-CoV-2.

Finalizando sua exposição e provocando o debate, Ronaldo Damião levantou algumas questões: “O que foi aprendido com a Covid-19 para que possamos enfrentar novas situações semelhantes de forma mais eficiente? Como solucionar o atendimento da demanda reprimida com a interrupção de milhares de procedimentos cirúrgicos e ambulatoriais? Qual o papel da telemedicina no atendimento aos pacientes que estejam em locais distantes e sem orientação adequada?”.

Pegando o gancho do atendimento remoto, a professora Alexandra Monteiro, que coordena o Telessaúde Uerj, destacou o papel dessa modalidade durante a pandemia. Segundo ela, em 2020, foi aprovada uma lei autorizando o uso da telemedicina em caráter emergencial, durante a crise ocasionada pelo coronavírus, o que até então não era permitido. Alexandra Monteiro ressaltou, ainda, a importância do projeto de lei referente à Telessaúde, já aprovado na Câmara dos Deputados e em trâmite no Senado, englobando não só a medicina, como todas as demais profissões da área de Saúde.

Outro ponto enfatizado por ela foi o legado positivo da transformação digital na área da Saúde, tanto no atendimento à população como na formação profissional.

Em sua apresentação, o diretor médico do HUCFF/UFRJ, Alberto Chebabo, ratificou a importância do SUS e dos hospitais universitários no combate à Covid-19 e relatou sua experiência à frente do Hospital Clementino Fraga Filho. Ao longo do crescimento e reconhecimento da gravidade da pandemia, foi necessário reformular planejamentos e estratégias de atuação. Segundo ele, “a política de enfrentamento não deveria ter sido com hospitais de campanha e, sim, utilizando os leitos existentes ou que estavam fechados nos principais hospitais do Brasil”. Destacou, também, que os hospitais universitários são unidades com expertise no tratamento de pacientes de alta gravidade e com necessidade de isolamento, e que deveriam ter sido priorizados na alocação de recursos.

“As heranças adversas, socioeconômicas e de saúde são muito pesadas, muito complexas e altamente relacionadas”. Com essa afirmativa, o professor Eduardo Faerstein (IMS/Uerj) iniciou sua participação no encontro, elencando aspectos históricos do Rio de Janeiro e correlacionando-os às dificuldades enfrentadas durante a pandemia e às políticas públicas equivocadas ou inexistentes. Faerstein ressaltou os enormes desafios impostos pela Covid-19, reconhecendo a falta de condições básicas da maioria da população, além de destacar a relevância da Uerj com inúmeros projetos na área de Saúde e a importância do SUS. Como coordenador do Programa Agenda 2030 na Uerj, Uerj na Agenda 2030, enfatizou o papel do Estado e da sociedade na garantia da Saúde e do Bem-estar – um dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), definidos pela Organização da Nações Unidas.

O debate continua

Ao longo das terças-feiras de maio, o Uerj com RJ reuniu pesquisadores da Uerj e convidados externos, em um debate aberto, mediado por nomes de relevo do jornalismo.

Nesses encontros foram abordados os seguintes temas: Educação e Ações Afirmativas; Ciência e Tecnologia; Economia, Sustentabilidade e Inovação; Comunicação da Ciência; e Saúde.

O resultado de todas essas reflexões será consolidado em uma publicação especial, a ser lançada no segundo semestre deste ano, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. O livro será encaminhado gratuitamente às instituições públicas de ensino e pesquisa e disponibilizado aqui no site do evento.

Por isso, continue acessando o site  www.uerjcomrj.uerj.br, lembrando que serão inseridos novos conteúdos sobre os temas abordados.

Assista ao vídeo do último encontro na íntegra.